As conquistas e reveses da greve de 2022 na Comlurb: 8 dias de paralisação e negociações duras no TRT

Depois de três anos sob arrocho, com os salários congelados por um decreto do Governo Bolsonaro, a greve explodiu na Companhia

Os trabalhadores da Comlurb haviam amargado três anos sem reajuste salarial, por conta de um decreto do Governo Bolsonaro, editado no início da pandemia de covid-19 em 2020, que congelou os salários e benefícios de todos os funcionários públicos do país.

O inédito arrocho salarial elevou a tensão nos garis do Rio de Janeiro e em todos os demais empregados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). A data-base de março de 2022 teria que representar um combate a essas perdas salariais, já que a inflação de todos esses anos corroía o poder de compra de todos os servidores públicos.

A intransigência inicial da direção da Comlurb, que batia pé em meros 3% de reajuste, ajudou a incendiar a categoria. O então presidente do Sindicato, companheiro Manoel Meireles, dirigiu as assembleias da campanha salarial e, juntos, categoria e Sindicato, deram início à greve geral na empresa em 28 de março de 2022.

Abertas negociações no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), a Comlurb evoluiu para 4% de reajuste e depois 5%. Muito pouco ainda, diante das perdas, o que fez a greve continuar.

No dia 31 de março, fortes chuvas caíram sobre o Rio de Janeiro e municípios da baixada fluminense. O estado de caos e calamidade pública fez o Sindicato, de imediato, suspender a greve no dia 1º de abril, uma sexta-feira. Em vídeo, o presidente Meireles comunicou a decisão à categoria. Nossa solidariedade com a população é sólida e inegociável.

Na 2ª feira, dia 4 de abril, a greve foi retomada a partir da zero hora. A essa altura, o TRT já havia declarado nossa greve ilegal e aplicado multa de R$ 200 mil por dia parado ao Sindicato. Evidentemente um alto valor que levaria o Sindicato à insolvência. Ainda assim, o Siemaco-Rio não se intimidou e manteve a greve, obedecendo às decisões da categoria em assembleia.

Nossa greve de 2022 foi até o dia 7 de abril, quando as negociações no Tribunal chegaram a um ponto aceitável pela categoria. A proposta final da Comlurb, aceita pela categoria, incluiu:

– Reajuste salarial de 6% a partir de março de 2022;
– Mais 2% nos salários em agosto de 2022;
– Caso fosse concedido reajuste pela Prefeitura aos servidores municipais acima desses 8%, estava garantido novo reajuste residual em novembro, correspondente à diferença do que for dado aos demais servidores municipais (essa cláusula não foi aplicada porque a Prefeitura deu apenas 5% para os demais servidores em novembro de 2022);
– Reajuste de 6% no tíquete alimentação;
– Adicional de insalubridade de 20% para as APAs;
– Conclusão da implantação do PCCS, retroativo a janeiro de 2022 (o Sindicato está na Justiça brigando pelas diferenças de 2018 a 2021);
– Quanto aos dias parados na greve, 5 dias foram compensados e os demais, descontados, um dia a cada mês (3 dias descontados para quem seguiu a orientação do Sindicato e retornou ao trabalho durante as chuvas ou 6 dias para quem permaneceu em greve direto).
– A data-base passou a ser 1º de novembro, unificando com os demais servidores municipais do Rio de Janeiro.

Entrar numa luta é uma decisão séria da categoria, que pode ter consequências boas (conquistas) e também ruins (algumas perdas). Nesta greve conseguimos melhorar bastante a proposta inicial da Comlurb, mas tivemos alguns dias descontados do salário e houve perdas no pagamento do Programa de Resultados (PGR) da Prefeitura, por conta das faltas ao trabalho na greve.

Mais uma vez ganhamos em aprendizado e na demonstração da coragem e do espírito de luta dos trabalhadores.

Veja alguns vídeos da greve abaixo.